Elemento de descrição

Categoria de informação utilizada na descrição normalizada de documentos.









Fonte: http://www.brusella.com.ar/index.php/2009/09/working-with-hl7-part-1/


Estado da questão no Brasil
A situação das instituições arquivísticas brasileiras quanto à organização de seus acervos bem como das estruturas de descrição que utilizam é de difícil avaliação, na medida em que pesquisas voltadas exatamente para esses fins jamais foram elaboradas e essas questões aparecem referenciadas de forma muito breve em pesquisas gerais sobre a situação dos arquivos.
Existem também problemas concretos com relação aos mecanismos normais de aferição
dessas questões. Parece ser claro que é mais fácil obter dados com relação às instalações
físicas, pessoal e equipamentos do que sobre parcela do acervo arranjada e descrita, parcela somente identificada, modelos de arranjo e de descrição utilizados e qualidade dos instrumentos de pesquisa produzidos.
As impressões gerais que pretendo expor, advindas da observação, de notícias aleatoriamente recebidas e da leitura de instrumentos de pesquisa publicados, parecem ser confiáveis, dados os resultados obtidos pela Fundación Histórica Tavera no levantamento referente ao Brasil.
A pesquisa teve como universo pretendido 240 instituições, entre arquivos federais, estaduais,municipais, eclesiásticos, fundações, institutos históricos, museus, universidades e associações culturais, das quais 31,2 % responderam, cerca de 75 instituições. Desse conjunto de respostas, aproximadamente 30% não responderam às questões relativas a seus acervos. Os resultados obtidos indicam que mais da metade das instituições pesquisadas tem menos de 50% de seus fundos descritos, sendo a maioria dessas instituições arquivos municipais e eclesiásticos, e que a maior parte dos arquivos pesquisados não tem seus guias ou instrumentos de pesquisa publicados nem disponíveis eletronicamente, o que dificulta o acesso a seus acervos.
Quanto à utilização de normas de descrição, 70% das respostas afirmam serem usadas
normas próprias, e 30% usam, parcial ou integralmente, normas internacionais, como a
ISAD(G) e ISAAR(CPF). Outras normas utilizadas são oriundas da área de Biblioteconomia.
Uma visão ao longo dos anos da trajetória das instituições arquivísticas públicas brasileiras oferece algumas outras contribuições importante para ampliar a visão do problema. Embora nosso país não tenha sofrido nenhum tipo de padronização sistemática dos procedimentos técnicos quanto ao tratamento dos documentos e da informação arquivística, há algumas constantes, umas positivas, outras nem tanto, nos trabalhos realizados nos arquivos.
Algumas dessas características comuns podem ser creditadas a modismos técnicos inspirados em práticas adotadas por instituições nacionais ou estrangeiras, que em determinada época tiveram projeção. Outras são frutos diretos de assistências técnicas ou consultorias especializadas que assumem um papel especial no processo de difusão e intercâmbio de metodologias. Ou ainda, o próprio contexto histórico no qual diferentes fatores necessários ao trabalho técnico estão condicionados de maneira limitativa, induzindo as equipes de diversas instituições a recorrer a soluções iguais para problemas semelhantes.
A adoção do Princípio da Pertinência, em detrimento daquele da Proveniência, para formação de coleções temáticas, bem como o recurso a modelos e sistemas de arranjo específicos, procedimentos amplamente vigentes em determinadas épocas, indicam que dificilmente práticas técnicas repetitivas e extensivas ocorrem de maneira isolada, havendo sempre um número significativo de ocorrências similares, considerados os respectivos períodos de tempo.
Ações institucionais, técnicas e políticas de largo alcance também contribuem para estabelecer uma cultura técnica comum, como por exemplo, aquelas que visam identificar e controlar massas documentais ainda não recolhidas, estabelecer canais de articulação e intercâmbio de informação com a criação e implementação de sistemas de arquivo, interferir no sentido da racionalização da produção e conservação de documentos de fase corrente e intermediária.
Experiências compartilhadas com um objetivo comum, como o Guia de África, na década de 1980, obrigam ao estabelecimento de uma estrutura de coleta de dados comum por diferentes equipes, o que significa que, ao longo do tempo, iniciativas desse tipo concorrem para a aproximação terminológica, conceitual e metodológica no âmbito da comunidade arquivística.
Assim, no final da década de 1980 e começo da de 1990, as iniciativas de tradução e
adaptação da terminologia arquivística internacional somaram-se ao esforço continuado,
embora irregular, de estabelecimento de meios concretos de aproximação técnica.
Em meados da década de 1990, e para isso contribuiu sobremaneira a implementação do
Sistema Nacional de Arquivos, experiências de trabalho conjunto e de construção de normas nacionais foram retomadas. São exemplos disso a regulamentação da Lei nº 5.433, de 8 de maio de 1968, referente à microfilmagem de documentos oficiais, as resoluções do CONARQ nos 4 e 8 sobre código de classificação dos documentos de atividade-meio da administração pública e aquela de nº 7, sobre a eliminação de documentos do Poder Público. No caso das resoluções nº 4 e 8 é interessante observar que, à luz do que preconizam, os estados do Paraná e de Minas Gerais já elaboraram códigos próprios.
Especificamente no campo da descrição arquivística, podemos apontar como características da situação brasileira atual:
• menor prolixidade, predominando descrições sumárias sobre aquelas analíticas;
• preocupação com uma melhor recuperação da informação, tanto em termos de nomes,
assuntos, datas etc., o que redundou em iniciativas localizadas no sentido da
elaboração de vocabulários controlados e tesauros e no recurso às normas
biblioteconômicas de registro de nomes próprios;
• maior importância dada à produção de guias, com o objetivo de ampliar o acesso e
permitir a elaboração de programas de trabalho das instituições;
• a utilização de computadores, ampliando as possibilidades de recuperação da informação e facilitando a criação de formatos padronizados de descrição.
É fundamental que tais tendências sejam capitalizadas no sentido da elaboração de normas nacionais de descrição e nos parece ser este o momento próprio para iniciar esse processo – a comunidade arquivística brasileira demonstra interesse em normalizar suas atividades técnicas, o Conselho Internacional de Arquivos tem prestigiado a criação de normas internacionais de descrição e já se discute sua compatibilização com formatos internacionais de intercâmbio de dados, visando uma maior divulgação da informação contida nos documentos arquivísticos por meio da Internet.


Fonte: http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/Media/publicacoes/mesa/a_normalizao_da_descrio_arquivstica__avanos.pdf